21 de nov. de 2010

Nossa senhora do batom vermelho

Ontem à noite a poesia me voltou à tona,
confesso que estava com saudade de sentir meus olhos brilharem
Fazia muito tempo desde que algo me inspirava a crescer

Ultimamente os meus amigos só me lembram do passado,
e tiram sarro de uma história de amor que não entendem
Insistem na infantilidade de rebaixar os outros por risadas

Preciso de pessoas ao meu redor que sejam grandes
e façam quem as conhecem se sentirem imensas
Talvez seja por isso que esse poema
comece quando eu estava sozinho

Hora de ir embora da festa
eu não aguentava mais as companhias temporariamente fúteis
Meus parceiros às vezes são muito individuais,
são sempre bons de se ter por perto,
mas é preciso mais do que isso
é fundamental ter interação, um ajudar o outro a vencer

No entanto, sem eles fui capaz de apurar o olhar
e foi o bastante para ver aquele vermelho de encher os olhos
Servia como a cor que enlouquece os touros,
o suficiente para me tirar do compasso
O contorno que embelezava os lábios de uma meiga morena
me devolveu a poesia que há quase 6 meses tinha me abandonado

A literatura é uma arte viva:
a inspiração textual que nasce em eventos simples e mágicos
E foi assim que aconteceu,
vivi algo que me tirou da inércia
Uma pré-aventura de girar o mundo

Tudo ali constelava não em estrelas,
mas em arte
Descrevo simplesmente como o ensaio de uma peça de sucesso
em que todos os atores
falaram e fizeram tudo certo no tempo certo

Eu queria tanto aquele vermelho dos lábios
que foi a única coisa que foi comigo para o vôo de balão

Gostei do nome dela, do signo, e da cor dos cabelos,
mas quem me conhece, sabe o que de fato me rasga por dentro:
-O sorriso!

A cor não importa muito, fiquei assim porque era só o molde
como a borda bem trabalhada de um quadro esplêndido
No entanto,
era o conteúdo que me levava a ser o artista do momento
e pintar a qualquer custo o riso nela

O mais interessante é que em minutos
eu parecia saber que dentro daquela boca
morava alguém instigante

Eu não podia me dar ao luxo de perdê-la
então tive que criar um número: 25
Hahaha, se a idade é relativa como dizem
me dei ao prazer de ganhar 1 ano a mais

Eu posso justificar esse aumento
se eu levar em conta o esforço que faço
para não desperdiçar um segundo sequer da minha vida
Aproveitando e reparando nos mínimos detalhes:
o porta guardanapos vermelho,
o rótulo da cerveja vermelho,
E a também vermelha camiseta do gordinho
da mesa ao lado enquanto escrevo
Não desperdicei nada ao reparar nesses pequenos fatos
pois eles dão beleza ao todo

Quero ser prudente e seguir o senso comum
que não escreveria nada disso para “desconhecidos”

Mas o problema de ser metido a besta
é a irreverência que o adjetivo traz consigo
O artista que voltou com estas linhas
se acha capaz de criar suas próprias regras de sucesso

Afinal eu quero inventar a minha felicidade
em moldes conjuntos
Preciso de amigos fiéis, loucas histórias de amor,
e aparentemente um pouco da cor vermelha

Deixo para você que se embriaga nessas palavras,
um pouco de guaraná.
Talvez eu teria deixado ela passar
se não fosse esse mero amuleto da sorte

E você que gosta de criar,
por favor entre no meu time
Faça o mundo se acostumar
com o ritmo dos dilacerados pela paixão
que por mais instantânea e fulminante que seja
da significado as nossas vidas
e nos mata de melhores momentos



Felipe Castilho.
São Paulo, 21 de novembro de 2010.