29 de abr. de 2008

Os herdeiros sem heróis.

É Cazuza aquele garoto que queria mudar o mundo, agora assiste tudo em cima do muro. Foi assim que senti quando por um tempo me tornei um cético, assim como a Suíça, nunca tomando partido, afinal tudo pode estar certo, ou igualmente errado, depende do ponto de vista.

Quando comecei a estudar o ceticismo logo vi que ele não deve ser levado a sério, nenhum filósofo famoso o levou. Todos filósofos de repercussão ficaram famosos através de um dogma, através de uma teoria realmente extraordinária e que daria origem a outras novas teorias. Eles foram empíricos o suficiente para construir um legado.

Creio agora que o ceticismo não é a chegada, é o caminho. É preciso uma boa dose de ceticismo correndo em seu sangue quando alguém tenta te conspurcar com uma verdade absoluta. Vejamos quando vale a pena ser dogmático, e quando vale a pena ceder à dialética. É preciso tomar decisões evidentemente empíricas para que possamos falar como Churchill:

"O que eu espero, senhores, é que depois de um razoável período de discussão, todos concordem comigo". Winston Churchill

28 de abr. de 2008

Aprendiz de Don Juan

Hoje recomendo o filme Don Juan de Marco, como fonte para revigorar suas emoções, afinal o personagem é, assim como eu, alguém que sofria de um romantismo incurável e altamente contagioso.

"São quatro as questões que merecem ser formuladas na vida:
‘O que é sagrado?’
‘De que substância é feito o espírito?’
‘Pelo que vale a pena viver?’
‘E pelo que, tudo dito e feito, vale a pena morrer?’
A resposta às quatro indagações é a mesma.
A resposta é o Amor. Apenas o Amor".

Dito pelo personagem no filme de Francis Ford Coppola.


Sendo esse sentimento tão sublime. Mas uma vez, e não pela última, apaixonado, me orgulho do que disse sobre...


Jéssica Ludwig

O que sinto por você, linda, não é um amor doentio, não é um amor que me consome. Meu amor por você é saudável, me alimenta. Meu amor me enaltece de tanta energia, ele é como a natureza, é jovem é belo.

Nosso amor não é um amor que se sofre, é algo que se aprecia, que se vive. Nosso amor não é pesado, ele é leve, harmônico e profundo em sua paz. Nosso amor não dói, não machuca, ele cura as feridas do nosso passado. Nosso amor não se vulgariza, ele é elegante.

Meu amor por você contraria Camões, não é ferida que dói e não se sente, e nem contentamento descontente. Talvez nem amor o seja, se pegarmos o jargão do verbo amar e filtrar todas as coisas ruins, e jogar elas fora, sobra o que sinto por você. É o amor dos otimistas, o amor dos poetas felizes e não dos ludibriados.

Meu amor por você contraria Drummond porque amo bastante ou demais a mim mesmo. Nosso amor é o anti-amor, é a dimensão paralela, é a evolução do amor.

Nosso amor é apaixonado por nós, e não nós por ele.

25 de setembro de 2007

26 de abr. de 2008

Transforme o Caos em Eros.

Eu comecei o blog pensando em amigas íntimas e amigos poetas, porém uma amiga sentiu que a intimidade viria com o tempo, ou acho eu que precisava ser mais explícita. Pensei muito nisso, pois pra mim um grande amigo, e um grande amor são coisas íntimas. Outra amiga me disse que queria um texto com enredo. Juntando intimidade, com enredo, não pude pensar em nada mais meu, do que o momento em que me deparei com minha própria morte, e como tive que agir para vencê-la, nem que seja temporariamente....

"Os fracos tem problemas, os fortes tem soluções".


Hoje deixo bem claro aqui, que para viver não basta deixar a vida fazer o papel dela, você precisa lutar...


Salva-Vidas

Naquele dia eu acordei em Ubatuba, o cheiro da manhã estava salgado, o lanchinho matinal tinha sido muito bom... Inspiração para um dia perfeito não me faltava. Mas a correria do dia só viria a ocorrer na Praia Vermelha do Norte algum tempo depois. Chegamos à praia; minha mãe e uns parentes se instalaram num quiosque caravano e eu fui surfar. Eu estava a muito tempo sem surfar, e depois de algumas “vacas” percebi que o mar não estava tão propício aos meus conhecimentos. Fui para areia tomar um Guaraná e fazer um social, enquanto assistia Cacá (a minha irmã), com sua prima Giuliana e seu primo Luiggi brincarem no raso. Todos com idade entre onze e treze anos. O menino estava com uma prancha de Bodyboard. Lá como é praia de tombo você dá dois passos e já está no fundo então não estava fácil para eles.

Foi ai que resolvi pegar jacaré perto deles e deixei a prancha de surf na areia. Ondas vão, ondas vem, numa delas um pouco maior que as de comum a Giu pegou jacaré e saiu da água e minha irmã e o menino vieram pra perto de mim. Eu subitamente peguei minha irmã e a coloquei em cima da prancha do moleque enquanto ela falava - “Fê to com medo!”. Veio outra onda cavernosa e caploft quebro na nossa cabeça. Quando sai da onda olhei para os lados e não enxerguei nem minha irmã, nem o menino, nem a prancha dele. Desesperado chamei pela minha irmã, e mais uma vez, uma onda passou rasgando por cima de minha cabeça e eu mergulhei, quando voltei a tona olhei para o lado direito e vi a nuca do Luiggi e o chamei, ele viu que eu procurava pela minha irmã e apontou para areia onde ela lá estava com a prancha em terra firme. Um alivio enorme me rasgou o peito, mais antes que eu pudesse comemorar, outra onda que nos carregava cada vez mais para o fundo me levou a um novo mergulho.

Eu falei pra mim mesmo em voz alta e para o Lu, que era para nadarmos em direção a areia, em sentido diagonal para não ir contra a maré, que estava muito forte. Haha, mais pouco adiantava, comecei a nadar em direção aos surfistas, mas eu já estava um pouco exausto mesmo assim lutando para que o mar não me desse um abraço eterno. Quando avistei um surfista as palavras já escorregaram da minha boca - “Socorre aqui” eu nadei até ele e descansei na prancha dele. Com fôlego renovado e já fora da arrebentação fiquei lá um pouco e o surfista levou o Luiggi até a areia e depois fui nadando e pegando jacaré até chegar lá também.

Meu pai já estava na areia com o irmão dele contando que já tinha até imaginado os caixõezinhos. Eu fechava o olho, e lembrava do som da voz do Lu na minha cabeça falando que não íamos conseguir. Eu acho que saímos dessa porque em vez de pensar que não íamos conseguir, eu pensei em como íamos conseguir sair dali.

Mas como todo dia difícil tem sempre uma graça, eu não podia sair da praia com aquela bermuda molhada, então peguei a chave do carro com minha mãe, fui até o carro e abri o porta-malas. Tirei a bermuda, botei outra e fechei o porta-malas. Na hora de ir embora eu enfiei a mão no bolso pra pegar a chave do carro mas eu tinha esquecido a chave no bolso da outra bermuda... Foi a hora exata pra eu e meu pai brincar de Magaiver e tentar abrir a porta do carro passando um arame com um barbante pra dentro do carro pela borracha que fica envolta da porta. Não deu certo porque não tinha espaço e o barbante ficava enroscando e não corria. Ligamos pro chaveiro e minha mãe mandou eu esperar ele no acostamento da estrada. Alguns até foram contra alegando que eu estaria com "muita" sorte e um caminhão desgovernado poderia passar em cima de mim, mas mesmo assim fui lá esperar o chaveiro.

Deu tudo certo, o mané abriu a porta do carro usando o mesmo truque que o meu, mas ele tinha uma bombinha de ar que ele apertava, e dava espaço para o barbante correr.

O dia depois disso perdeu a graça e o acontecido virou boato entre o pessoal da vizinhança. Os dias vão, os dias vêm e acordo feliz, com um cheirinho doce a manhã de um novo dia me enchia de fôlego.

Dia ensolarado ótimo pra pegar uma praia e surfar um pouco. Fomos eu e meu amigo surfar, enquanto, ali mesmo na Praia Grande, minha mãe ficava num quiosque a beira mar com o resto da "parentada". Eu e o Daniel estávamos onde as ondas boas estavam começando a quebrar, bem fundo. Peguei uma onda e o Daniel também, ficamos um tempo lá curtindo; quando eu avisto lá a uns trinta metros em direção a mar aberto uma cabecinha. Eu logo pensei; deve ser um mergulhador, deve estar com pé-de-pato e tudo mais e segui em uma boa onda.

Quando voltei pra lá, onde estavam as grandes ondas, vi que “ a cabecinha” já estava nadando em minha direção e estava falando algo. Comecei a nadar velozmente para lá, e meu amigo perguntou aonde eu ia, eu disse apenas para ele esperar, faltava uns vinte metros pra eu chegar no cara e meu coração palpitava, mas era meu dia, o vento estava a meu favor. Cheguei no senhor que devia ter uns sessenta anos, o segurei firme pelo punho e coloquei ele em cima da minha prancha. Ele apagou, fechou os olhos, estava muito pálido, eu pensei que ele tinha desmaiado mas ele resmungou um - ‘Me segura” e um “por favor não me solta”. Eu fui nadando puxando ele, e ele um pouco atordoado, quando chegou onde dava pé, a água batia na altura do meu peito mais ele insistiu - “Me segura” , “Por favor não me solta” , eu passando segurança a ele segurei ainda mais firme seu pulso e o levei mais raso e vi que meu amigo estava me acompanhando caso eu precisasse de algo. Quando a água já estava na minha canela, ele se levantou, e me agradeceu. Aquelas palavras encheram minha cabeça e me fizeram sentir uma gratidão por eu estar no lugar certo na hora certa, e ligado pois ninguém tinha visto ele, nem mesmo meu amigo. Ele ia morrer ali e nem o salva-vidas, nem aquele apitinho chato dele, iam ter se molhado.

Depois disso voltei pra minha posição no mar esperando as ondas, olho pro lado e vi um outro amigo meu, de São Paulo que eu nunca ia imaginar encontrar ali do meu lado esperando onda. Cumprimentei-o e ficamos lá surfando um tempo, depois eu fui tomar um açaí com o Daniel onde minha mãe estava e contei pra todos que pelo menos essa dívida eu já tinha pago com Deus.

Por coincidência, eu estava com minha toalha vermelha, que tem escrito no meio dela com letras grandes e pretas: SALVA-VIDAS.

24 de abr. de 2008

Quem lidera não persegue!

Sempre digo que não preciso de modelos, não preciso de heróis pois tenho meus amigos. E assim como grandes amigos, tive grandes paixões. São os amores, e as dores que dão sabor a vida. É se arriscando, e testando os limites da metafísica que os milagres acontecem. Quando todos praguejarem contra o frio, faça sua cama na varanda.


"O amor é a alegria dos bons, a reflexão dos sábios, o assombro dos deuses". Platão


Posto aqui então um pedacinho do que pude dizer sobre...


Gabriela


Você me fez derramar lágrimas mais salgadas que as do meu passado, mais humanas. Esse mundo cruel e banalizado me anestesia, e cega nossos olhos, nos deixa incapazes de sofrer pelas mortes vistas no jornal nacional. Numa era onde somos ensinados, e moldados a sermos pessoas frias, você me fez derramar lágrimas quentes.

Obrigado por me emergir em um mundo de fantasias, onde durante um mês eu achava tudo mais maravilhoso que Alice e era mais jovem que Peter Pan. Eu me senti um gladiador, de cabeça erguida e cheio de coragem, esbanjando energia para te fazer o bem.

Eu não sou nenhum mágico, não sou, nem serei um encantador, nunca montei um unicórnio, nem aprendi a voar. Mas vivo uma vida de magias, de encantos e seres espetaculares como você. Não vivo esta vida em época de reinos e palácios, mas juro de pés juntos que conheço princesas. Eu jamais fui um Deus eterno e sei de coisas que não se acabam. Você me transformou num gigante, e agora me derrubou assim como Davi derrotou Golias.

Minha mãe diz “você se torna responsável por aquilo que cativa”. Pensando nisso tive medo em te conquistar e não te corresponder. Mas com o passar do tempo tive certeza de que eu jamais ia te magoar. Tarde de mais, caí na armadilha do destino, acabei conquistado e platônico.

O amor ideal de Platão: o filósofo grego concebera o Amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, ao passo em que estas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. O Amor, no ideal platônico, não se fundamenta num interesse (mesmo o sexual), mas na virtude.

Você diz que me valoriza, me admira e através das minhas virtudes me rotula como o cara certo. Então seu amor por mim sim, é ideal. Já eu não passo de um tolo, cego e ludibriado por essa paixão.

Jantares, e toda culinária que nos foi prometido se resumiram a uma porção de polenta. Um século de romantismo resumiu-se a uma terça-feira à noite. Promessas malucas tão curtas como um sonho bom. É Cazuza, o nosso amor agente inventa pra se distrair, e quando acaba agente pensa se ele nunca existiu.

Quando lembrar de mim, pense com vaidade, com carinho, eu quero extrapolar as fronteiras do orgulho, e fazer com que os outros tenham a convicção de que mereço aquele orgulho que eles tem de mim.

Existir é desperdiçar o tempo. Tempo usado, é vida. Usei muito bem cada segundo ao seu lado. Verdade; uma vida bem preenchida torna-se longa, querido Da Vinci.

E enchendo esse papel de palavras, instintos e vontades eu tento compartilhar um pouco do que sinto.

Idolatro-te, te aprecio, te venero.


10 de setembro de 2007

O jogo começou aperta start.

Eu demoro sempre pra entrar na moda, as vezes demoro tanto que acabo inventando a próxima. Mas resolvi começar um blog, e compartilhar um pouco do que minha mente é capaz de produzir. Acho que esse será o começo de muitas coisas interessantes para mim, e de descobertas atraentes para vocês. Espero que juntos, ao longo desse blog, ao longo de cada texto, ao longo dessa vida, possamos aprender a mudar o mundo para melhor.

"Seja a diferença que você quer ver no mundo". Ghandi

Começo então meu Blog com uma homenagem a um grande amigo.


Henrique “Aloha”

Quando te inventei ó poeta, reinventei um futuro, tu foges as regras e dita o que é e o que não é. Se de alguém vi a priori o meu antônimo, porém alguém voraz e sábio vejo agora, e aprendemos o segredo.

Ele que se julga um professor, ensina a vida como quem morre, e morre como quem viveu cada são segundo. Ditou seus próprios limites e chorou seu pranto calado.

Ele é quem desconjuga cada verbo que aprendi e aquele que faz da sua volúpia seus ensinamentos. Aloha é quem foi péssimo em se futurizar e melhor ainda em se otimizar. É quem enfrenta as palavras como quem bebe de uma fonte vital da verve infinita, escreve com uma incontrolável paixão, porém tem desconpaixão pela própria caneta. Cada músculo que ele mexe, cada palavra que ele realiza, é um quadro que se pinta em sua insensatez.

Eu tenho orgulho daquele que pariu sua própria salvação, ele se realizou na plenitude de ser apenas aquele que olha com seus olhos cansados e seu amor incandescente por aqueles que ousam desafiá-lo.

Henrique absorve e fulmina a mediocridade alheia e contraria quem vulgariza seus sentimentos imortais e plenos assim como serão os meus versos.

Escrito em 21 de setembro de 2007