23 de mai. de 2011

Sempre por aqui e nunca dito.

Ouvi recentemente de Eduardo Galeano: “O mundo não é feito de átomos o mundo é feito de histórias. Porque são as histórias que a gente conta, que a gente escuta, multiplica, recria, as histórias são as que permitem transformar o passado em presente. E que, também permitem, transformar o distante em próximo, possível e visível. O mundo é um tecido de encontros e desencontros, de perdas e ganhos e o melhor de meus dias é o que eu ainda não vivi. E cada perda corresponde a um encontro que ainda não tive. E por sorte a realidade é generosa e não falha nisso, na verdade escrevo para celebrá-la.”
Talvez isso tenha me feito escrever as seguintes linhas, que sempre estiveram nas entrelinhas do que me faz sorrir ou sofrer.

Sempre por aqui e nunca dito.


Quando eu estou perto de você
me sinto singelamente vulnerável.
Volto a ser criança,
ou talvez o tímido pré-adolescente sonhador.
Passo a ver o mundo através de olhos inocentes,
mas que parecem ser capazes de enxergar muito além.
Eu me encanto com cada detalhe,
presto atenção a cada palavra,
e aprecio cada esboço de sorriso.
Como na fusão de um sonho com o mundo real
eu vejo valor e beleza em tudo.
O compasso da Terra entra em harmonia,
o caos dá lugar à mais bela sincronia de acontecimentos.

Engraçado ou trágico, embora eu tenha sempre vontade de escrever a nossa história,
nunca consegui formar as frases.
Não tenho dúvidas de que transbordei pelo mundo essa alegria,
e contei-a por todos os meus poros milhares de vezes,
ou talvez por olhares (brilhantes como o fogo).
Desculpe-me os clichês, as palavras de sertanejo universitário,
mas quero ser simples como as cartinhas do tempo de colégio.
Até porque, quero ser verdadeiro e dizer as palavras certas
em vez daquelas que impressionam.
Eu de fato não sei explicar a conexão que sinto
como se em sua companhia eu fosse parte de algo maior,
de uma missão mais nobre.

Você ilumina as pessoas ao seu redor
e se alguma vez tentei parecer importante ao falar-lhe
é porque acredito que você é incrível
e a vendo nas nuvens,
tentei construir (por engano) uma escada de impressões
para chegar até você, que na verdade estava bem ao meu lado.
E por que justo com você?
Por que justo com quem a sintonia falava por si mesma, e tornavam as palavras quase inúteis?
Por que justo com você eu fui agir assim?
Porque os grandes amores nos viram do avesso,
nos levam à loucura e à idolatria,
mas nos trazem de volta.

E agora, dentro de mim mesmo,
quero pensar nos encontros que nunca tive,
nas palavras que nunca ouvi, nas histórias que ainda não fiz parte,
nos mistérios que deixei de pensar por estar absorto em nostalgia.
Hoje dou um passo à diante,
mas limito-me a dizer que amo esse conto de fadas.

Felipe Castilho
São Paulo 23/05/2011