Eu lhe dou a minha palavra!
Existe força imperial nessa sentença. E quantos valores estão contidos nela? Pureza e transparência são invocadas ao mesmo instante. E é assim que começo o assunto de agora.
Eu lhe dou a minha palavra. Você pode respirar tanto ar quanto poesia: depende de onde coloca o seu nariz. Cada afirmação tem cheiro, cada uma, ao ecoar dentro da massa cinzenta, nos causa uma sensação, uma imagem, uma temperatura, um aroma específico.
Nós somos feitos de átomos, pensamentos e estrofes. Organismos vivos no caos. Células que formam órgãos são como letras que formam palavras e dão um significado para a sua existência. Esse é o início do paralelo entre o tocável, os sentidos e tudo que é abstrato na mulher que conheci.
Vou além de dizer que a cabeça é dela seu título - seu guia. Sua carne é seu substantivo macio e só aquele que consegue ler o que suas sílabas dizem é capaz de vê-la. Decifrá-la é ser capaz de perceber cada verso do seu corpo, suas micro-expressões faciais, seus olhares e seus sorrisos. Apreciá-la é saber envolver todos os seus adjetivos num mesmo ditado. Entendê-la é compreender a mágica literatura da sua maneira de pensar. Elevá-la é transpor todo o gozo ao clímax de sua peça. Ela é a mulher invisível. Invisível para aqueles que são analfabetos em sua linguagem.
Ela não envelhece, sutilmente, acumula primaveras e tem o poder de reflorescer o que estava devastado no coração de todos que a conhecem. Esse seu talento faz com que seus elos de afinidade sejam mais fortes. Ela busca nas estrelas a justificativa para tais uniões e algumas de suas próprias características pessoais.
Ela é de sagitário, e eu, o outro lado do elo, de escorpião. Esses signos dão dicas que apontam para algumas peculiaridades, mas ainda são insuficientes para descrever o todo que os envolvem. Ela se animaria em saber que podem existir signos para tudo. Como seria então a astrologia de um determinado e específico momento de sua vida?
Aquele dia de frio e garoa fina, enquanto conversavamos sobre a vida e a morte, é o dia de aquário. Seu símbolo é o aguadouro. O aquário é representado por um deus que durante as assembléias do Olimpo derrama nas taças o néctar da eterna juventude e da imortalidade. Néctar para os deuses e haja chuva para os mortais! Será que a definição dessa constelação pode dizer algo sobre o que acontece em sua vida após aquele dia?
Essa mulher também estava aflita com uma curiosidade quando eu a conheci. Ela temia o “depois”. O que será que aconteceria depois que a chuva secasse? Que a primavera, que por muitas vezes simboliza o tempo de harmonia e romance entre os casais, terminasse? O futuro totalmente imprevisível trouxe consigo um elemento surpresa: a evolução.
Assim como os pequenos animais, nos tornamos cada vez mais preparados para aprender a sentir algo que o mundo guarda para nós. O tempo é um grande amigo, o magnífico aliado das lagartas que permanecem em seus casulos lapidando a sua beleza antes da transformação. Esperamos também nossa metamorfose, assim como as borboletas radiantes que emergem desses momentos únicos. E então expandem suas asas para bombear sangue por suas veias sedentas de novidades e caminhos a percorrer.
São Paulo, 31 de janeiro de 2010.
“O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas.
Se houver reação, ambas se transformam.” Carl Gustav Jung
2 comentários:
Caraca, Fê, to impressionada. Uma vez mais vc me mostra que superficialidade nem consta no teu dicionário (ao menos não em todos os quesitos ;)). Muito bom o texto, parabéns.
"e tem o poder de reflorescer o que estava devastado no coração de todos que a conhecem. Esse seu talento faz com que seus elos de afinidade sejam mais fortes."
QUANTA VERDADE!!!! Ela tem esse poder (entre todos os outros, claro)!
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