17 de fev. de 2010

O ballet das abelhas

Sim,
durou tempo suficiente
para entender o que faltava em mim.
O suficiente,
para em companhia viver quase completo.

Agora,
sem depender do que vem dela
busco crescer essa completude,
desenvolvê-la aqui por dentro
com as sementes que a moça deixou.

Antes,
cuidávamos disso
em ótimos meses de plantio
nas luas certas
com a técnica dos melhores camponeses
no exato período.
O império das chuvas
juntos,
o nosso tempo fértil.

No primeiro dia, em outro ritmo,
não choveu.
É claro! O buraco jazia aberto
e as novas sementes, desprotegidas.

No segundo dia
cobri o vazio com a terra;
cobri a terra com o carinho;
cobri o carinho com o louvor.
Olhei para o céu e assenti com a cabeça.
- Deméter. Faça a sua parte!

Agora que tudo está em harmonia,
índios dançam pela chuva.
Quero sentir no rosto molhado
os ventos que anunciam a mudança.

Se for uma tempestade,
melhor ainda!
Que lave todos os males;
que tome de mim o que não presta;
leve todas as mentiras e deixe as verdades

A matéria prima da resiliência
será o que sobrar de mim em mim.

Meu coração se tornou um diamante bruto
que não se intimida e
busca conquistas inventivas;
sai da inércia das situações iguais.

Conflitos inescapáveis, todos temos!
Nos diferenciamos ao lidar com eles.
Pode-se abandonar o terreno
ou abraçar a oportunidade.
O ideal? Instaurar o seu talento.

Depois das cachoeiras
formam-se lagos abrigados
Depois do inverno,
a primavera retorna impertinente.

Com o que lhes é dado
as pessoas tristes
cavam buracos profundos.
Os felizes irreverentes
constroem montanhas inabaláveis.

Venham, venham, tormentos do meu passado
não vou fugir.
Vou comê-los com feijão e arroz,
matar no peito como Batman e seus morcegos.

Na jornada de todo herói
há momentos em que ele se debruça,
é surpreendido por algo que não se esperava,
mas ele logo, logo se reinventa e
de um jeito magnífico supera tudo o que passou.
Acontece nos filmes, e também na vida.

Almoço e janto essa ânsia de resolver conflitos,
mas sem jamais criar barreiras invisíveis,
sem rotular o presente e correr para o distante.

Para isso, isso que viverá para sempre,
aprendi que preciso do silêncio,
da humildade de ouvir para de fato escutar.
Não me ocupando demais pensando no que diria em seguida,
sem imaginar meus futuros comentários,
aqueles que soariam “mais impressionantes”, e
me deixariam completamente SURDO.

Para comunicar é preciso conectar
nos desarmar,
criar vínculos,
formidáveis elos indestrutíveis.

Elos de músicos que dançam a todo o momento
e cantam os sons que passam em suas cabeças

Paixão,
hoje sou como eles
porque acordei escutando essa poesia crua.
Um poema pelado.
É! completamente nú.

Então venham!
Venham abelhas,
levem para os jardins inaudíveis
esses versos completamente mudos.



Felipe Castilho.
São Paulo, 15 de fevereiro de 2010.

9 comentários:

Unknown disse...

aai que bunito fefe
gosteii gosteei =]

Unknown disse...

Sempre mandando muitoooo beem !!!

Unknown disse...

Estou orgulhosa de vc Fezinho! Nem parece aquele menino do primeiro semestre que me perguntava como se escrevia as palavras!

Parabéns lindinho!

Aninha disse...

Fe, vc é a ressucitação de um cara mto foda do passado, com uma mistura do seu ritmo e da sua energia, pensamento, e claro..o seu grau de inspiracao, q acredito, q algo ou alguem causou heim...hahah rs..
Dá vontade, de pegar e levar pra imprimir planfletos com seu nome...e sei q causaria o mesmo q em mim, PARA os que ENTENDERIAM. Preciso dizer q ta incrivel?

Unknown disse...

Mto bom!

Marta Castilho disse...

Filho, amei. Uma das melhores coisas que li. Traduz em esperança a dor; inspira a ação, a construção. Transforma a perda em sabedoria. Corajosa, profunda, resiliente.

Caaks disse...

Meu Pepspeare! ♥

Anônimo disse...

Leio, leio, releio e não consigo chegar a uma conclusão. Às vezes me soa incoerente, às vezes faz sentido. Que o que esteja escrito ai se torne uma verdade por completo e deixe de ser só pela metade.
Levemos conosco isso sempre daqui em diante.

Unknown disse...

Fantástico! Não tenho outra palavra pra descrever. Foi umas das melhores conversar que eu já tive e agora tenho a chance de ler a melhor interpretação de cada simples palavra daquela noite!
Obrigada mesmo por essa oportunidade única!